quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Quando desejamos estamos longe ou não tão perto quanto queremos, do objeto de nosso desejo, e as particularidades de cada um não são vistas de longe. De longe, a visão deficiente não te dá a verdadeira face da "coisa". De perto, quando alcançamos, por vezes vemos características que não suportamos.

É bem mais prazerosa a conquista, cheia de admiração pelo ser/coisa adorado(a) do que aprender a lidar com as diferenças presentes em tudo: maneiras, costumes, formas e a convivência gerada a partir daí.

Desejamos o perfeito e temos o real. Não queremos a realidade, desejamos a fantasia. Poucos suportam a realidade. O desejo está na mente, sofre as interferências do ego, com suas fantasias, carências e traumas, que transforma o desejo em seu maneira de suprir oque realmente lhe falta."

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Shows, exposições e outras ações reverenciam Raul Seixas na data de 20 anos de sua morte, completados quinta-feira (20).

"Ninguem tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender."


Anualmente, sem organização, estrutura ou qualquer apoio oficial, uma multidão de fãs perpetuam uma tradição iniciada desde o primeiro aniversário da partida do ídolo. Mas nesse 2009, em que se completam 20 anos de sua morte, ganhou ainda mais volume e visibilidade.

Reverenciando o grande legado deixado pelo artista, o jornalista e bacharel em psicologia Mário Lucena desvenda o sujeito por trás do folclore na biografia "Raul Seixas - Metamorfose Ambulante", O livro, além de trazer histórias da vida pessoal de Raul, mostra as influências absorvidas pelo astro de filósofos e pensadores. Após sete anos de pesquisa e organização, a obra aponta as fontes de inspiração de Raul Seixas para sua musicografia e a influência sofrida por Raul, sobretudo de Schopenhauer e Crowley, descobertas feitas pelo autor analisando versos e citações. Algumas delas evidentes, como em "Sociedade Alternativa", que levou Raul à prisão na ditadura, que cita literalmente as "leis" criadas por Crowley; ou em músicas pouco conhecidas, como "Trem 103", de 1968, em que cita o filósofo alemão. "As ideias de Schopenhauer perpassam toda a obra de Raul", afirma o autor. Esta última música, para Lucena, é um marco da obra do roqueiro. "Tudo o que vem depois disso é repetição deste começo, quando não conhecia nem Paulo Coelho", diz o biógrafo.

A obra será distribuída em bancas de jornal e acompanha o CD "Alquimia", da cantora portuguesa Carina Freitas, cuja faixatítulo é dedicada a Raul Seixas - também faz parte da trilha sonora de uma novela em Portugal.

Pra relembrar!

Tudo começou com os "Os Relâmpagos do Rock", "The Panters", e depois "Raulzito e os Panteras", e dessas andanças o pai do Rock volta ao Rio. Na cidade maravilhosa participa da produção de diversos artistas da Jovem Guarda, compondo grandes sucessos como: Doce, Doce, Doce Amor, Sha-la-la-la, Tudo que é bom dura pouco, Ainda queima a esperança, Sha-la-la, e outras.

Nos anos 70 Raul se rebela e aproveitando a ausência do presidente da sua gravadora para gravar seu segundo LP na surdina! O Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 que mais tarde foi retirado do mercado sob o argumento de não se enquadrar à linha de atuação da gravadora. Aaaaa...
Já no Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, conseguiu a classificação de duas músicas, "Let me sing" e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo", o que lhe deu projeção nacional. Depois a coisa andou bem com o estrondoso sucesso da música "Ouro de Tolo", um grande deboche com a Ditadura e o Milagre econômico.

No ano de 1974, por divulgar a Sociedade Alternativa com Paulo Coelho em suas apresentações, acabou sendo preso e torturado pelo DOPS, exilado nos Estados Unidos. Mas o sucesso do LP Gitã e da música Gita, tirou o cara do sufoco, lhe rendendo um disco de ouro após vender 600.000 cópias e quase que por osmose volta ao Brasil. Em 1978, começa a ter problemas de saúde devido ao consumo de álcool, que causa a perda de 1/3 de seu pâncreas.

O último disco lançado em vida foi feito em parceria com Marcelo Nova, intitulado A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil um dia após sua morte. Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado às oito horas da manhã, pela sua empregada, Dalva.

Serviço
Raul Seixas - Metamorfose Ambulante
Autores - Mário Lucena, Laura Kohan e Igor Zinza
Coordenação - Sylvio Passos
Editora: B&A
Páginas: 260
Preço: RS 29,90
Venda: banca de jornal

sábado, 8 de agosto de 2009

Abbey Road comemora 40 anos de beatlemania


Até um extraterrestre associa 4 homens andando numa faixa aos Beatles. O fato é que lá se vão 40 anos desde os tempos em que os meninos de Liverpool ensaiavam a harmonia dos passos para a foto que se tornaria o ícone visual de suas carreiras. Naquela época seria impossível prever que até hoje, milhares de fãs não deixariam de incluí-la em seus roteiros de viajem ao visitar Londres, e o plágio é fatal! O lugar faz a alegria de fãs do mundo todo que acompanharam a banda capaz de influenciar multidões mundo afora. A capa do Abbey Road é parodiada e reproduzida incontáveis vezes. Na televisão americana, foram muitos os desenhos animados que se referiram aos Beatles: Os Simpsons, em episódios do cara quadrada (Bob Esponja) e em outros desenhos-animados.

É caco falar do impacto e das tendências de mercado e estilo provocadas pelos Beatles, mas você sabe o que rolava no Brasil quando os bons meninos estouraram? Saiba que alguns lançamentos dos Beatles, como seus álbuns, foram imitados por vários artistas, inclusive os brasileiros. Enquanto os Beatles faziam sucesso nos Estados Unidos e na Inglaterra, o Brasil passava pelo Golpe Militar de 64. O bacana é que apesar de toda censura essa gente bronzeada não deixou de mostrar seu valor e foi nessa época que a nossa música deu um grande salto. Em 1967, nascia a Tropicália, que vinha pra refrescar a estrutura cultural apoiando-se na idéia da antropofagia cultural promovida pelo modernista Oswald de Andrade. A Tropicália começou a popularizar a guitarra e o rock and roll no Brasil, sob forte influência dos Beatles. Antes do movimento, o baiano Raul Seixas foi o pioneiro do rock brasileiro, o "pai do rock” frequentemente citava Lennon, que era um de seus maiores ídolos, ao lado de Elvis Presley.

A articulista Clara Abdo resume a influência dos Beatles na Tropicália dizendo que o sistema, "[…]como movimento que abrangia vários recursos externos para a formação de uma nova música brasileira, acarreta em sua formação ícones culturais de várias épocas. Dentre eles, Carmen Miranda, Roberto Carlos, representando a Jovem Guarda, o escritor José de Alencar, o corte de cabelo e as vestimentas da contracultura hippie nos Estados Unidos e os Beatles. A canção Senhor F, dos Mutantes teve seu arranjo inspirado no álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. E olha que troca! a última faixa do disco lançado em 1968 pelos tropicalistas, "Ave Gencis Khan", modelou o estilo que Harrison tocava intrumentos orientais.

Ave Beatles!