sexta-feira, 23 de julho de 2010

Clara

Clara nasceu e amou o mar.
Pra ela ele era a imensidão.
E de bem pequena, já entendia como infringia,
o vazio da existência.

Amou primeiro o som imenso dele,
incrivelmente perceptível através de uma concha.
Como o barulho de um mar tão grande
cabia numa concha?

Se desviava do mar,
ficava na areia.
Ria dos carangueijinhos
e dos tatuzinhos.

Aprendeu a nadar. E viu que o mar pode levar ela,
assim pequena, pra bem longe, se descuidar.
E ao amor se somou o respeito.
Preferia roubar as conchinhas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fiz-me de conta

Consumo a minha dor,
mas ela é como planta
e o choro como a poda em ocasião.

Depois da poda o broto é certo,
mas a flor, é como um bonito dia de sol no inverno!
Noutro dia, já se recolhe.
Finda beleza.

Alegria assim, tão instantânea
não estanca, nem possibilita a cura.
Não posso com ela.
Não tenho em mim força que me livre.
Nem Deus me livre.

Se me livro dela
vai junto quem não quero que vá.
Prefiro ela, e a companhia que me dá.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Amo meu Príncipe Paraguaio

No dia dos homens, twittei:

"Tá difícil achar algo pra homenagear os homens, pq acho que eles não merecem. Ah! Sim... Obrigada pela costela base da nossa superioridade."

A Arte dos 140 caracteres é complexa, e eu vejo o Twitter como um suporte para expressões “caricaturizadas”. O espaço é pequeno, e as palavras precisam ser fortes e exatas para que se faça entender no microblog.

Não, eu não acho que o homem é só uma “costela de base” para a superioridade das mulheres, e é aí que mora a fonte de todo meu complexo com o sexo oposto: Eu sempre espero mais do que eles normalmente oferecem, sempre acredito mais do que eles merecem. E não tenho só esta expectativa, sei que é compartilhada entre muitas mulheres.

Existem dois tipos de homens, sob a ótica feminina: Os que são reais, com defeitos que as mulheres dificilmente suportam e os príncipes, que não existem na realidade, mas no interior feminino existem de forma sobrenatural. Explico: A maioria das mulheres (e falo por mim também) tendem a camuflar os defeitos dos homems que amam, porque precisam que eles não as decepcionem.

Ok, parece simplista o raciocínio, mas não é. O caso aqui é que os homens são seres que pensam de forma tão diferente das mulheres, que ser consciente e conivente com a forma masculina de pensar/agir, significa para a mulher ir contra várias coisas que ela acredita, como fidelidade, amor incondicional e cumplicidade. Meninas, os homens normalmente não acham estas coisas tão importantes. Eles SÃO diferentes de nós, e isso é real, não é defeito nem qualidade, é diferença.

Então, o que fazemos para não matar o príncipe que insistimos que sobreviva no nosso destino? Ignoramos estas diferenças, suportamos alguns “defeitinhos”, fazemos vista grossa para algumas evidências (porque burras não somos) e seguimos felizes com nossos Príncipes do Paraguay.